Quarta-feira, 4 de Julho
Tudo se desvanecia... Estava assustada mas ou mesmo tempo sem saber o que fazer. Agarrei bem o volante, com as mãos a tremer e sem eu querer dei uma guinada para a direita... Foi estrondoso. O carro patinou como se fosse um sabonete nas mãos. Bateu no rail e capotou uma vez voltando depois ao estado normal. Senti que estava ferida. Deslizei a minha mão até à mala e tirei o telemóvel. Abri inconscientemente a porta do carro e caí na estrada sem nada a me amparar. Estava quase inconsciente mas ainda marquei o número da minha mãe:
- Olá filha, está tudo bem??? - perguntou a minha mãe.
- Mãe ajuda-me!!! Eu tive eu acidente e estou a morr... - respondi com a voz numa lástima e os meus olhos cheios de lágrimas fecharam-se quase automaticamente.
A minha mãe gritou e caiu sentada no meio do chão. Todos ficaram preocupados.
No local do acidente muitas pessoas viam-me ali estatelada no chão e ferida. Chamaram a polícia e uma ambulância. Toda a gente estava aterrorizada e incrédula.
A minha respiração tornava-se inconstante e eu estava a jorrar muito sangue.
O carro estava todo partido: havia vidros por todo o lado, bancos esfarrapados, retrovisores seguros por um fio, manchas de sangue no banco do condutor... enfim...uma verdadeira peça para a sucata.
Levaram-me para o hospital mais perto. Cheguei lá em coma. Levaram-me para uma sala de observações.
Os primeiros a virem visitar-me foram os meus pais e Ryan. Depois tia Bella, tio Edward e Nessie. A seguir tia Alice, tio Jasper e Allyssa. Horas depois vovô Carlisle e vovó Esme e finalmente Peter, Cathy, Louis, Jacob e Seth. Os meus amigos telefonaram preocupados e horrorizados pelo que se sucedera.
Estava a soro e deitada numa maca pequena e com um ar sombrio. Tive receio de morrer. Não era um pensamento habitual pois, eu sempre fui sincera comigo mesma: não me importava de morrer no lugar de alguém da minha família, mas desta vez foi diferente: um sentimento de medo percorreu o meu corpo e arrepiou-me mesmo estando eu inconsciente. Tinha pouco tempo de vida...apenas alguns segundos mudavam tudo...
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Passaram-se semanas de sofrimento e de análises e biópsias, quando para meu espanto, lentamente abri os olhos. Olhei espantada para mim própria sem dizer uma única palavra. Olhei para o lado e vi um lindo ramo de rosas brancas, as minhas favoritas, vi uma caixa de bombons de chocolate de leite e uma foto de mim com a minha família. Bateram à porta. Fiquei sem saber o que fazer. Entrou no quarto simples e iluminado por uma janela de espelhos bem limpos e brilhantes, um médico que ficou um pouco estupefacto por eu ter acordado do coma assim, sem mais nem menos...
O médico entrou e alguém ficou à porta.
- Acho que você vai gostar de olhar novamente para esta linda rapariga!!! - o médico sorriu para mim e falou com essa pessoa que não consegui identificar.
Como se fosse impossível, deu um passo em frente e pude ver o seu rosto de felicidade a observar o meu tão deliciadamente que me senti constrangida. Ryan voltara para me ver. O médico saiu com o meu prognóstico na mão e encostou a porta silenciosamente.
- Estive quase a morrer por tua causa!!! Não sei o que dizer. É tão estranho. Tinha saudades dos teus lindos olhos azuis. - elogiou Ryan.
Eu ainda mal conseguia falar:
- Tive medo de...morrer!!! Passou tudo tão rápi... - não consegui acabar a palavra. Olhei para a minha bata e peguei na mão de Ryan. Ele passou cuidadosamente a costa da sua mão no meu rosto molhado por umas incessantes lágrimas que teimavam em cair...
Passados instantes a minha família veio visitar-me e pensou que eu ter acordado, tinha sido um milagre. Conversámos e depois foram embora porque o tempo da visita tinha acabado.
Fiquei sozinha no quarto. Deitei-me com cuidado na cama e desejei adormecer para não ter de olhar para aquele quarto silencioso e claro. Com curiosidade toquei na minha pele e fiquei surpreendida ao senti-la macia e leve. No entanto os momentos que passei durante aquele acidente, estavam tão presentes na minha memória, que só de me relembrar fechava ansiosamente os olhos.
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Dias depois os médicos decidiram dar-me alta hospitalar mas com algumas condições e restrições: não conduzir durante as próximas quatro semanas, não fazer grandes esforços físicos, tomar alguns medicamentos e andar o resto desta semana numa cadeira de rodas (quando me informaram desta última condição lembrei-me do pai do Jacob, o Billy). Apesar de saber que iria custar teria de cumprir as ordens do médico.
Por tudo isto, Ryan e eu tivémos de adiar a nossa viagem a Paris.
Espero recuperar rapidamente.
A minha mãe veio-me buscar ao hospital e depois levou-me para casa. Quando chegámos entoava-se um grande silêncio arrebatador à minha volta.
- Eu estou bem, não fiquem assim... - declarei descontraidamente. - Já passou.
Todos olharam para mim e ficaram espantados por não saber onde é que eu ia buscar toda aquela energia contagiante e ao mesmo tempo aterradora!!!
O meu cachorrinho, o Kiko correu na minha direcção e saltou para as minhas pernas. Quando eu ia para pegar nele e sentá-lo ao meu colo o meu pai, preocupado, sugeriu:
- É melhor teres cuidado filha. Não podes fazer grandes esforços.
Até o meu pai que era sempre o palhaço da família, estava um pouco menos descontraído.
- Todos ficaram preocupados contigo: os Quileute, os Denali e claro nós!!! - afirmou Cathy beijando-me a testa.
Por hoje é tudo!!!
Continua...
Ashley Mary Hale Cullen
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