Sexta-feira, 28 de Junho
Abri os olhos, muito lentamente, em busca de um rosto familiar. Steph olhava para mim, mais aliviada.
- Ashley, estás bem??? - ela perguntou dando um pequeno sorriso.
- Eu, acho...que...sim!!! - eu respondi ainda com a voz cansada e debilitada.
- Eu, vou agora a casa com o Daniel, para te trazer umas roupas e os teus produtos de higiene, ok??? - Steph deu-me um beijinho na testa.
- Sim, ok...
Steph saiu e eu observei o local onde estava. Parecia um consultório médico, pois eu estava deitada numa maca e estava ligada a um aparelho de pulsações cardíacas.
Quase como um murmúrio, Matt abriu a porta e olhou para mim.
- Como te sentes??? - ele pegou na minha mão e sentou-se a meu lado.
- Melhor...Onde é que eu estou??? - eu inquiri.
- Estás na minha casa, ou melhor no meu gabinete médico. - ele acariciou-me a mão.
- Tenho saudades da minha família...Posso vê-los??? - eu retorqui.
- Ainda não, mas vais poder... Só aqui para nós, eles não sabem que tu tiveste este pequeno percalço, nem podem saber, pois tu não gostavas de preocupá-los pois não???
- Não, é óbvio que não...
- Para todos os efeitos, tu, eu, Dan e Steph fizemos uma festa cá em casa e ficaste cá a dormir. - Matt disse.
- Como é que eu não morri??? O que eu fiz foi fatal!!! - eu perguntei admirada.
- Bom, eu vou explicar tudo: tu nasceste da união de dois vampiros, ou seja...tens genes vampíricos, o que te permite suicidar vezes sem conta, mas não morrer, um género de imortalidade, mas fraca. Explicando por miúdos: só morres se te matarem, não morres de suicídio. - Matt explicou.
- Ok, isso é extremamente estranho!!! Então a Stephanie, também é assim?! - conclui.
- Exatamente!!! - Matt sorriu.
- Quando é que se realiza o funeral da Abby (rapariga que foi morta na escola, no dia do baile)??? - eu perguntei lembrando-me da minha colega.
- Realiza-se depois de amanhã, infelizmente...Ela não teve culpa de nada, apenas foi um isco... - Matt baixou a cabeça.
- Um isco para quê??? - eu assenti.
- Eu comecei a juntar as peças do puzzle e acho que já entendi. Vou contar-te a minha história para compreenderes melhor!!!
- Estou curiosa!!! - eu sorri.
- Nasci no dia 12 de Abril de 1823, na Inglaterra. A minha mãe era dona de uma farmácia na cidade e o meu pai era dono de um banco de grande influência. Emily, a minha irmã mais nova, tinha uma paixão enorme por medicina. A vida corria normalmente até que de 1839 a 1842 dá-se a 1ª Guerra do Ópio entre a Inglaterra e a China, tinha eu 17 anos. Eu fui forçado a combater durante 2 meses na guerra, os meus pais e a minha irmã com 13 anos, foram forçados a emigrar para fora do país. Foi um choque quando soubemos que nos íamos separar. Durante os 2 meses que combati, também servi de "médico" para os soldados ingleses. Fazia pequenas triagens e observações, visto que tinha aprendido algumas técnicas na farmácia da minha mãe. Comunicava com os meus pais e com a Emily por carta. Eles estavam aqui, em Forks. A eterna e pacata cidade de Forks... - Matt começou a contar.
- E depois, o que aconteceu??? - eu inquiri curiosa.
- Depois, num dia chuvoso, um homem, apresentou-se como médico, na estação de triagens, onde eu estava a prestar serviços. Parecia simpático e sábio. Conversámos durante horas e até nos demos bem. Ele chamava-se Adam Richards.
- Espera aí...Esse não era o padrasto do Daniel??? - eu franzi as sobrancelhas.
- Sim, era... Foi ele que me transformou, 1840. Foi uma transformação horrível, as dores insuportáveis. Após a transformação, o desejo de sangue foi incontrolável...Matei, ainda algumas pessoas... - Matt demonstrava no rosto, culpa e sofrimento.
- Lamento imenso!!! - Eu disse-lhe, fazendo-lhe também carícias na mão.
- Passados os 2 meses da guerra, vim para a América, mas propriamente para Forks, para reencontrar a minha família. Mas, eles rejeitaram-me por uns tempos. Emily, não. Ela sempre foi muito querida e colocava um sorriso no rosto de quem necessitava. Os meus pais acabaram por me aceitar, mas continuavam a achar que o meu comportamento e maneira de pensar haviam mudado. Para dar a entender que estava bem, formei-me em medicina.
As coisas começaram a compor-se pelo que conheci, cá em Forks, uma rapariga. Não uma rapariga qualquer, mas uma rapariga especial. Destacava-se pela sua extraordinária beleza e personalidade forte. Chamava-se Nikki. Começámos a namorar, mas quando ela descobriu o que eu era (vampiro), quis denunciar-me. Não tive outra opção senão transformá-la. O que eu não sabia, é que com a transformação, ela perdeu toda a pinga de humanidade que tinha, e passou a ser cruel e gananciosa.
Como vingança, transformou os meus pais. Não transformou Emily, pois ela conseguiu fugir, e foi para a França.
Fiquei com raiva da Nikki e nunca mais quis a ver.
- Então e os teus pais e a tua irmã??? - eu admirei-me.
- Os meus pais convivem com o facto de serem vampiros. Sim, por que eles ainda são vivos e moram aqui perto. A Emily voltou a Forks, 2 anos depois de ter fugido, ou seja aos 15 anos e quando completou 17 anos pediu para eu a transformar. Eu respeitei o pedido e ainda insisti que não, mas ela estava mesmo decidida. Até hoje as coisas ficaram assim...
- Ok...Que história!!! Mas porque é que eu sou o isco??? - eu retorqui ainda assustada.
- A Nikki, sempre foi muito ciumenta, e apesar de ter cometido aqueles erros irreversíveis, continua a achar que eu me importo com ela. E então quer retirar todas as raparigas que entrarem na minha vida e talvez porque conhecia a tua família e quer magoar-te por seres tão única. Tu e Steph... - Matt teorizou.
- Eu e a minha irmã??? Não, ela... - eu pensei em Steph. - Eu não quero a minha irmã envolvida nisto!!! Se alguém tiver de morrer, sou eu!!!
- Nem digas isso a brincar!!! Eu não suportaria essa situação!!! - Matt declarou.
- Porque é que me beijaste?! Eu... - eu falei no assunto.
- Eu sei, que tens namorado, e que ainda por cima, é um lobisomem, mas eu beijei-te porque...porque...eu realmente gosto...de ti... - Matt continuava tranquilamente. - Claro que eu não aguentaria se algum garoto se atreve-se a beijar a minha namorada, mas o que eu sinto por ti, é...é mais forte que tudo...
- Eu não sei o que dizer...foi...inesperado!!! Eu...achei que não sentias nada por mim... - eu falei convicta.
Olhámos um para o outro. Foi estranho olhar Matt naquele momento...Sentia que tudo, a nossa amizade estava a destruir-se...Pensei se algum dia, ele me perdoaria, por eu apenas o considerar como melhor amigo. Ele fitou os seus olhos nos meus e proferiu as seguintes palavras:
- Vou mostrar-te como eu realmente sou. Esta aparência humana é o meu dom, eu posso esconder das pessoas o que realmente sou!!!
A sua pele tornou-se pálida e branca, os seus olhos, de azuis passaram a caramelo líquido, e o seu cabelo brilhou, sedoso e louro.
- Tu és...lindo!!! Vampiro ou humano, o que importa é o que vai cá dentro!!! - a minha mão pousou no seu coração. - Eu sei, que cá dentro, há algo, protetor e carinhoso, por mais pequeno que seja!!! Todos temos esse lado, mesmo vampiros!!! E em ti, é extraordinário!!! É mais poderoso, que outra coisa, esse desejo de amar...de proteger...de cuidar...de importar...de entender...Eu não vou condenar-te por me teres beijado, apenas tenho de dizer que o sentimento não é recíproco.
- Eu sei...Desculpa a minha atitude, mas eu nunca deixarei de gostar de ti, ok??? - ele sorriu um pouco desanimado.
- Ok!!! Eu compreendo!!! - eu abracei-o.
Steph e Dan tocaram à campainha e Matt foi abrir. Eu, meio curiosa, comecei a observar a ferida que tinha no abdómen. Estava a desaparecer, talvez por aquilo que Matt explicou: posso tentar suicidar-me mas nunca morro.
O que realmente me preocupava era Nikki, a antiga namorada de Matt... Ela queria vingança?! Ou então destruir amizades?!
- Ela está no gabinete, venham por aqui!!! - Ouvi a voz de Matt no corredor.
Ele abriu a porta e Daniel e Stephanie entraram. Daniel veio para junto a mim:
- Ashley, eu...não queria...fazer aquilo!!! Foi mais forte que eu!!! Perdoa-me!!! - Dan ajoelhou-se à cabeceira da maca.
- Eu sei que não era a tua intenção!!! Todos nós saltamos fora do controle, mas está tudo bem!!! E também não me posso esquecer, que se não fosses tu, a amparar-me naquela noite na escola, a esta hora ainda estava lá a morrer!!! - eu sorri e dei-lhe a mão.
Daniel beijou-me a bochecha e sorriu para mim. Ele é bom rapaz, apesar de tudo...
Steph pousou no chão uma mala com roupas e produtos e higiene.
- Vamos deixar-te aqui a mala para que possas ver o que necessitas e para ires tomar um banho, ok maninha??? - Steph acariciou-me o cabelo.
- Sim, querida!!! - eu sorri-lhe.
Steph e Dan saíram do gabinete e dirigiram-se à sala de estar de Matt onde se sentaram a relaxar e a ver TV.
- Eu vou ajudar-te!!! - Matt afirmou.
Ele desligou a máquina das pulsações cardíacas e retirou todas as agulhas, ventosas e afins que me rodeavam. Depois, devagar, pegou em mim, ao colo e levou-me para a wc. Também foi buscar a minha mala. Chegou à wc, e viu que eu estava observando-me ao espelho.
- Posso??? Se não quiseres eu não faço!!! - Matt colocou a mão na blusa que me emprestara.
- Acho, que por mim, está tudo bem!!! Se não te sentires à vontade, não o faças!!! - eu ripostei.
Matt deslizou para cima a blusa. Apenas senti um leve arrepio pelo corpo. Coloquei as mãos nas calças de pijama e retirei-as com cuidado. Fiquei com roupa interior íntima.
- Contigo, não tenho constrangimentos!!! Somos melhores amigos, não é??? - eu sorri.
- Claro que sim!!! Estás à vontade. - Matt sorriu também.
Matt colocou as mãos nos meus ombros e disse:
- Vou preparar-te a água, ok???
- Sim, vai, por favor!!! - eu afirmei.
Matt foi preparar a banheira. Quando voltou, eu observava-o sorrindo.
- O que foi??? - ele olhou para si próprio.
- Nada...apenas...queria... - eu continuei sorrindo.
- Diz!!! - Matt achou aquela atitude estranha.
- Posso tirar-te a blusa, por favor??? - eu mante-me sorridente.
- Sim, podes... - Matt baixou os braços.
Caminhei até ele, sempre a sorrir. Coloquei as mãos na sua T-shirt e retirei-a com cuidado.
- Ok qual é o objetivo??? - Matt perguntou.
Eu observei o seu físico: o seu abdómen e braços musculados e a sua cara de interrogação.
Depois virei-me para o lavatório, abri a torneira, fiz uma concha com as mãos, enchi-as de água e de seguida atirei a água para Matt.
Ele ficou encharcado. Eu ri. Ele olhou para mim e riu também. Também fez o que eu lhe fiz. Molhámos a wc e divertimo-nos muito. No final da brincadeira, todos molhados, abraçámo-nos.
- Adoro-te!!! - eu senti o meu corpo juntinho ao seu e ri.
- Eu também!!! - ele apertou-se carinhosamente.
Quando nos libertámos, retirámos o penço do meu abdómen reparei que a minha ferida tinha desaparecido e que as dores eram quase nenhumas.
Matt saiu da wc e eu tomei o meu banho. Vesti-me assim:
Desci até à sala de estar e eu, Matt, Daniel e Steph conversámos durante algumas horas...
Continua...
Ashley Mary Hale Cullen
Banda sonora deste post: "Birdy - Shelter"; http://www.youtube.com/watch?v=QXwPUYU8rTI
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